Sobre meu amor, por Cabo Polonio
Sempre quando alguém me fala que está indo ao Uruguai e eu logo pergunto se irá conseguir ir para Cabo Polônio, um lugar que me encantou e que preciso compartilhar com vocês. Não tão famosa como Colônia, Punta ou Montevidéu, mas foi o lugar que mais me impressionou no país! Acredito que o diferencial é a beleza natural e a sensação de isolamento junto com o conforto da pousada em que eu fiquei. Um pequeno povoado de pescadores, quase isolado da civilização, sem asfalto e rede de energia elétrica. A área é declarada Reserva Natural da Biosfera pela UNESCO desde 2009, devido ao ambiente frágil ecossistema, composto pelas maiores dunas de areia do Uruguai e falta de infraestrutura.
Aliás, é distante 100 km da fronteira com o Brasil (Chuy). A dificuldade de acesso que a torna esse lugar único, por fazer parte de uma reserva ambiental, possui o acesso controlado, permitindo acesso com veículos próprios apenas aos moradores, o trajeto de 20 minutos pelos turistas é feito com caminhões 4×4, partindo de um terminal de passageiros. Chegamos em Valizas após passearmos na Fortaleza Santa Tereza, na Ruta 10, e entramos no KM 264 para encontrar o Terminal Puerta del Polonio. Para deixar o carro no estacionamento do próprio parque por 190 pesos (cerca de R$20,70) por 24 horas. As saídas dos caminhões são a cada uma hora,das 8:30h às 18:30h, a viagem ida-e-volta sair por 218 pesos (cerca de R$23,75).O Centro de Visitantes é agradável com banheiros, guarda volumes, câmbio, caixa eletrônico, wi-fi, mini-mercado e todas as informações sobre o parque, com maquete e painéis. Importante lembrar que por ser uma reserva, não é permitido acampar e levar animais de estimação.
Os caminhões devem levar aproximadamente 30 pessoas, passando pela areia fofa tranquilamente, passando pelas dunas e a vasta área de areia e escassa vegetação. Após alguns minutos avistamos o mar e fomos o costeando, vendo de longe o povoado e o farol. Enquanto víamos a mudança de paisagem o sol fazia seu espetáculo se pondo no oceano, esse momento ficará sempre marcada em minha memória.
O caminhão nos deixou em um alargamento de uma rua de areia, com ares de um refúgio hippie e mochileiros. Como é uma pequena vila, em poucos minutos encontramos nossa pousada. Nos hospedamos La perla del Cabo, havíamos reservado com antecedência por e-mail, já que não há energia elétrica e era uma das únicas hospedagens que tinha gerador de energia para poder tomar banho quente a noite, o uso dos geradores é limitado pelas regras do parque.
La Perla del Cabo
Quarto para casal com banheiro privado 100 dólares
Telefones: 4470-5125 /+598-94921037
E-mail: reservas@laperladelcabo.net
A noite pedimos a janta no próprio hotel, milanesa de peceto (corte de carne argentino, parecido com tatu de boi) com batatas fritas, o prato era individual, mas a carne era enorme, maior que a minha mão e bem fininha, só o meu irmão conseguiu comer a porção inteira.
A noite você poderá ver aquela noite estrelada que poucas vezes na vida terá oportunidade, por não ter energia elétrica ofuscando.
No outro dia acordamos bem cedo para tentar ver o nascer do sol, observando a colônia de lobos e leões marinhos e o povoado que se desenvolveu sobre a campina ao redor de um farol. O parque abriga uma das maiores colônias de leões marinhos em todo o mundo, cerca de 300 mil da espécie. Lembrando que a população de humanos é de aproximadamente 60 moradores fixos,que vivem basicamente da pesca e do turismo.
Além do descanso pleno que essa praia permite, há o farol aberto para visita durante o dia (10 às 13h e 15 às 18h), inaugurado em 1881,com subida de escada em caracol com 100 degraus para subir a torre de 26 metros de altura(25 pesos por pessoa, cerca de R$2,72).
Esse farol serviu de inspiração para as músicas do cantor uruguaio, Jorge Drexler, no CD “12 segundos de escuridão”:
“Un faro quieto nada sería guía, mientras no deje de girar no es la luz que importa en verdad son los 12 segundos de obscuridad. “
Outra atividade é conhecer as Islas de Torres (La Encantada, La rosa e El Islote), ilhas onde vivem os leões marinhos. O tour deve ser contrato diretamente com os barqueiros do lugar.
Chegamos em um final de tarde e fomos embora no outro dia perto do meio dia, eu ficaria mais um dia em uma próxima viagem. Muitas pessoas chegam pela manhã e vão embora a tarde, as atividades serão de observação, caminhada, alimentar-se, as vezes nossa mente só busca a simplicidade. Em época de temporada de verão dizem haver muitos bares e luais na praia, pois há muitos visitantes europeus nessa época, eu fui em Abril, e a temporada é entre Dezembro a Março.
Esse meu relato só me deu mais saudade da selvagem e minimalista Cabo Polonio, o que remete bastante ao período político da época em que eu fui, quando o ex-presidente Pepe Mujica, idealizava a vida simples, e esse era o lugar ideal para experimentar.
Deixo vocês com um clipe que a banda Vanguart fez em Cabo Polonio:
Dicas: Não existem bancos, nem caixas automáticos e o como não tem energia elétrica não tem máquina de cartão na reserva, apenas no portal.
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